2012

Dez horas de um Domingo de sol em Sampa e o vento continua assobiando na janela. Meu pijama não me dá animo prá sair e fico boiando na tela do computador esperando que o tempo passe e o almoço chegue.
È nessas horas que teimo em matutar sobre tudo, principalmente sobre o que acontece aqui, “dentro da minha cabeça”. Haja acontecer!
Tenho pensado muito em envelhecer. Culpa talvez da minha irmã sacaninha, que mal disse até logo e já se foi. Culpa também desse 2012 crítico. Não foram os maias que disseram que esse ano seria um divisor de águas, ou algo parecido? Não estamos alguns de nós esperando que o mundo conhecido se acabe em 21 de dezembro, ou será 23?
O meu mundo conhecido se desfaz sempre e desde sempre. Parece que vivo um eterno 2012, então acho que é bobagem me preocupar com datas agora. Porque, cada dia que vivo é um novo dia, um dia diferente de ontem e diferente de amanhã.
Tantos são os que vieram pra minha vida, quantos são os que se foram da minha vida. Parece até de vivemos em ondas que às vezes se tocam, às vezes se afastam, às vezes se demoram misturam suas águas com as minhas, às vezes levam pedaços de mim.
Por isso choro. Pela falta de uma permanência antinatural, imprópria, mas desejada. E sempre me pergunto porque desejar algo que sei impossível. Não posso reter as ondas, aprisiona-las em mim. Também não posso ir com elas, me misturar nelas e assim permanecer. Nesse mar a impermanência é a tônica.
Descubro agora que envelhecer tem ônus. Preciso aprender ainda a abrir mão, deixar ir a onda, ir com ela até onde for possível, me recolher após, esperando outra onda e me alegrar porque ondas vêm e vão desde que o mar é mar.
E já que abandonei a terra firme da praia, convém deixar que Dona Janaína me conduza pelas correntes do mar, confiando que ela me acolherá no regaço e lá nos encontraremos todos os que viveram pelo mar e para o mar.

Deixe um comentário