2020 versus 2021

Quando comecei a ler ficção cientifica nos anos 50 do século passado, o futuro era 2020, com seus vídeos fones, computadores, viagens espaciais e coisas do tipo. Uma utopia linda, muito Jetsons. E isso, pra quem havia acabado de conhecer liquidificadores, era o suprassumo do progresso tecnológico.

Como 2020 era O Futuro, nunca me imaginei nele, até que chegou pra mim e passou. Oh! Desilusão! Não foi a utopia sonhada. Na verdade, foi uma distopia sofrida e dolorosa. Mas, enfim, sobrevivemos. Muitos não conseguiram.

Agora entramos no 2021, ou 2020.2 como diz dona Rita. Começamos com sonhos e esperanças mas, cá com meus botões, digo pra não esperar muito de um mundo tão individualista e inconsequente. No Brasil, principalmente. Pois não foi o brasileiro que já começou o 2020 nos colocando numa enrascada?

Não demorou muito, voltamos (quase) à Idade Média. Mas continuamos apegados à nossa democracia neo-cristã-liberal, que nos divide em castas e segmentos. Estamos mesmo sofrendo uma redução no sentido histórico (veja capuchinhos x povos originários). Lutamos democraticamente, respeitando as diferenças que a política oficial quer rasar, pela implantação de um parâmetro de normalidade definido ideologicamente por uma minoria perversa.

Nesse contexto, muitos se perderam. Por aceitação, por negligencia, por descaso, ou pela inflação desenfreada do ego. O centro do universo é, sim, o umbigo de cada um.

Foi então que chegou o vírus. Mais um. Matou milhares. E continua matando.

E o Brasil finalizou 2020 em festa.