O vestibular e eu

Não sei por que cargas d’água, resolvi fazer vestibular. De novo.
Vestibular, bem entendido, é para quem acabou de sair do ensino médio, antigo segundo grau, mais antigo ainda colegial. Foi o que fiz. Colegial cientifico pra medicina.
Agora resolvo voltar a estudar e lá fui, domingo cedo, chuvinha fina, abençoada, amolecendo o dia. Fui de garrafa de mineral em punho, canetas, lápis, borracha. E lupa. Tinha solicitado prova ampliada, mas na minha santa inocência, não li o edital e não encaminhei o competente laudo médico que comprovaria minha quase cegueira.
Ah! Quanta ingenuidade! Pois não haveria de saber que a burocracia entende que se o médico não atestar que se fala a verdade, passa-se por mentiroso.
A prova de língua, literatura e humanas, deu pro gasto, apesar da redação ter um tema “filadaputa” para o qual eu estava sem o menor saco. Os livros também não foram lidos, mas consegui me sair razoavelmente, pois já havia lido bastante, sobretudo os clássicos da literatura brasileira e o contemporâneo Amado.
A prova de exatas e ciências da natureza foi. Apesar de feito o cientifico no antigo Colégio Central e ter passado os três anos, literalmente, agarrada aos livros de química, física, genética, botânica, zoologia e matemática, já havia esquecido tudo, pois de que servem esses conhecimentos pra quem trabalha com memória, identidade e cultura?
Descobri abismada que existem mais coisas entre meus antigos estudos e os atuais do que sonhava. Descobri, por exemplo, a existência de algo que se chama matriz, da qual não tinha o menor conhecimento, nem para o que serve e muito menos como se acha valor de x – um dos valores entre os parênteses (ou colchetes) da tal matriz.
Na maior parte dos casos usei a boa e velha lógica, alguns cálculos e consegui encontrar algumas respostas. Com sentido.
No resto, não sei o que fiz, nem porque o fiz. Continuei tentando usar a lógica, mas fui inteiramente vencida pelos senos, cossenos, raízes, plutônios enriquecidos, cadeias de carbono, sulfetos e sulfatos.
Enfim! Vamos ver no que vai dar.

Deixe um comentário