“Seu” Isaltino

Interior da Bahia, início da década de 60.

Belina era magra, alta e quieta. Não se enturmava com os colegas. Calada, ria às vezes, meio a contragosto das malandragens do resto da turma. Belina era filha do velho Isaltino, não tão velho assim, dono de uma vendinha onde tinha pouco de um tudo. Na venda de Isaltino o fiado era apenas uma ilusão. Por isso, numa sociedade remediada como era, ficava difícil prosperar.

Quando a esposa de Isaltino morreu, toda a turma foi ao velório apresentar as condolências à colega e ao viúvo. O mais velho da turma, fez-se de porta-voz, circunspecto e bem falante.

– Seu Isaltino, nossa turma quer apresentarão senhor e a Belina, os nossos sentimentos pelo falecimento de sua esposa.

Isaltino, coça a cabeça de cabelos ralos:

– É, meu filho, morrer não é o caso, o problema é as despesa.

Não é à toa que em toda a cidadezinha era conhecido como Isaltino Usura.