Vestir o nu

Temos falado muito em desconstrução e por conta disso lembrei um tempo em que o óbvio era às avessas. Como vestir o nu.
Penso se vestir o nu era tão óbvio para os demais como hoje é para mim. Um movimento de velar pelo exposto. O eu exposto, nu. E eu o visto.
Parece que complico desnecessariamente. Se visto não estou a nu. Mas depende muito do que visto. Se visto o nu, me exponho. O vestir não me encobre, não me vela.
O Tempo relega coisas ao passado. E o nu que vestia se tornou capa.
Começo agora movimento idêntico. Sem imagens, só palavras. E percebo os anos todos em que me desvesti para me esconder. Esse movimento agora é, não uma catarse, mas um deslumbramento. Vislumbro aos poucos o nu que visto.
Isso tudo me remete à incerteza que sou e que às vezes ainda consegue me surpreender. É isso? E me pergunto: o que há por trás do nu que visto? Algo que terei ainda que desvelar? Haverá tempo para mais uma incógnita?

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