Fim de tarde

Acabou a inspiração. Não mais faço poesia.
Tornei-me muda, seca, enxovalhada.
Não encontro paz quando me finda o dia.
Não tenho o que cantar. E quase tudo é nada.

Esqueço às vezes o que sou. E me atormenta
a falta que me fazem os horizontes largos.
Me dói a falta de espaço e o pouco tempo
que resta quando o sol declina rápido nessa minha tarde.

Sei que andarei só rumo ao sol poente.
E concentrada estou no que deixo atrás.
Sei que ando só. Só, vim. Só, irei.

Por mais que cercada de tudo o que cultivo,
Sei que ficarão os amores pela estrada
De mim nada levo. Sonhos, sapatos, ilusões. Nada.

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